18 de novembro de 2008

Outrora não passava de rotina, é verdade, mas agora a distância já não se mensurava. Embaraçou-se com os nomes trocados, nada ali mais lhe pertencia, nenhuma posição acenava conforto.

E foi tamanho o desassossego que por instantes não soube discernir entre fúria ou lamento: presenciava uma seqüência patética e linear de cenas pré-programadas, enlatadas como milho, a continuar de mesa em mesa, nas falas vazias com reticências infindáveis, nas delicadezas acetinadas, sem aspereza, polidez burocrática e morta e insossa.

Percebeu-se nostálgica da desordem com que ele lhe acarinhava todos os dias, dos desbotamentos e rachaduras, das cicatrizes de vida, afinal de contas.

Pediu um café, deixou-se olhar pelos olhares azedos, e riu-se por dentro.

2 comentários:

alice disse...

isso parece até um encontro de ex-colegas de colégio que, justamente, já não se encontram mais.

IN cômoda disse...

Esse teu café... Nunca sei se ele é pausa ou corte mesmo... Adoro!
Bisou.