24 de outubro de 2010


Pout pourri de um domingo à noite

. Com meu cartão-ingresso tendo, num descuido, viajado ao Rio de Janeiro, não me restou alternativa a não ser o bom e velho radinho. E, ademais, estando boa parte da nação tricolor nas entranhas do Monumental, providenciei todas as possíveis vedações acústicas e visuais asseguradoras de uma segura distância de meus importunos vizinhos colorados. Faço um parênteses, imbuída que estou, ultimamente, de reflexões filosófico-político-sócio-existenciais: não me encontro, nem de perto, conectada ao futebol como outrora. Mas, é impossível não vislumbrar as mudanças contundentes que se instalaram no cotidiano da prosa e flautas comuns à rivalidade azul e vermelha.

Os torcedores colorados, desde que passaram a figurar no cenário das vitórias, tomaram-se de uma arrogância desmedida. O Inter vibra incessantemente de seu poderio financeiro. Um clube que já ousou denominar-se "do povo" sucumbiu à máquina capitalista-estratégica-administradora-etc e tal. Tamponam até mesmo os esparsos movimentos clubísticos de abertura ou oposição. Daí que um torcedor diz a seguinte frase, na rádio Gaúcha, logo após o fim do jogo: "Não tem como comparar um GRANDE time como o Inter com um time que tem esses Vilson, Gilson da vida. É ridículo. Time tem que ter é um D´Alessandro. F... o sonho da Libertadores pra eles".

Ora, eu preciso responder a este cidadão que muito me orgulho de torcer para um time formado por Vilsons da vida. Sem badulaques ou badalações. Para um time que, na humildade de sua garra inesgotável, contrariou as sádicas previsões de um terceiro período na série B para uma arrancada incrível que lhe outorga 80% de aproveitamento no returno, e uma possível luta pela L.A. 2011. Para um time que vive e sofre na sua alegria imperfeita, na agudeza de suas dívidas, na desordem de sua política inexata, no ir e vir do êxtase e das dores, no passado de glórias e nas pinceladas de conquistas no hoje. Diria um tio meu que "um time cujo craque é Jonas não será campeão de nada, nunca". Pode ser que não. Mas, como torcedora do Imortal, não meço minha paixão em euros nem em títulos. Eles podem vir, a seu tempo - e o sentimento... este não se termina.

. Ando permeada de depedidas. Despeço-me de alguns eus. Estranho. O estável de nós como liberdade de mundo.

. Avante Dilma!