28 de outubro de 2006

Retalhos

Da pele tece tramas,
marca falas, fala
falta.
Cresce o toque em asperezas
de cetim.

Das tramas conta história,
varre as cinzas
da noite.
As portas da despensa,
abarrotadas.

Em dia de limpar
os restos,
toca faces de um mesmo
destino.

Trança tréguas de maciças
vontades.
(Tem um algo ali que nao
está vencido).

Troca o samba,
reza um conto.

Roga um risco,
canta um ponto.

Absorve a poeira,
dos mesmos sentidos.

27 de outubro de 2006

Estaçao

Havia um rio
de águas cristalinas.
Nata,
nada,
corre.

A sineta e o quadro
nos finais de tarde:
te ensinava palavras
de giz.

A casa da boneca está pronta,
o hotel embaixo da mesa.
Depois dos filmes, princesas
no pátio.
(Vestidos de seda
imaginários).

Antes de dormir,
nos pedíamos as maos.
Nao amoleça, nao me deixe
sozinha.

Dos segredos de telhado,
nos fazíamos confidentes.
Na estante, uma história,
pra cada estaçao
do mundo.

24 de outubro de 2006

Me gosto poética, do lírico da nota ao compasso
forte.
Me encanto da vida assim,
de viagens musicais num sol de pausa.
Te misturo em nostalgia,
me acabo em desejos de meias
palavras.

Carregada pela fantasia melodicamente estranha,
vou.
Arrepia a alma essa coisa
aqui de dentro.

Pedir que voltes, ou que o tempo desista
de demorar.
(Hoje choro Chopin
de saudade do meu amor).

16 de outubro de 2006

Já, saudade.

8 de outubro de 2006




Alguns.

1.

O pai virou a mesa.
Copos, talheres, pratos
no chao.
A toalha caída
tapa.
Choramos de pranto desespero;
num abraço,
dor sem dono.
Lavamos o rosto
de instante perplexo sentido.

2.

Nuances
geladas
de um tempo
ilógico.
Desfaço
gestos
dispersos.
Foco
olhar
perdido;
me perco
olhar
achado.
Asfalto
pensamentos,
costuro
pedaços.
Dos tombos,
rasura.
Rasuro
destinos.
Me escrevo.
Amasso
história
que nao cabe.
Desfecho
desejo
insólito.
Da rosa,
espero
calada.
Do escuro
das escadas,
corro
meus passos.

3.

Nao quero certeza imprecisa,
mas a ignorância da imprecisao sabida.

4.

De amor solto, avesso de mim,
faço presença de pequenos
prazeres.
De lugar amante, saio da pele
rasgo o toque e tomo
a face.
A rede acalenta o sono manso,
mas sem descanso, é disso
que o amor insiste.
Finge sonho, mas pulsa,
e engana de sorriso
tosco.

5.

Faltam poucos dias
para de um
ser ao menos
um pouco.