26 de maio de 2011


A música!!! Ah, a música...

Que êxtase, que transbordamento, quão indescritível a sensação de que meu corpo está a flutuar, ele caminha por entre este mar de eriçados ouvidos, se mistura ao coletivo, meu braço então já se confunde com a mão desta senhora aqui ao lado, meu rosto sorri junto deste rapaz de boina torta, misturamos lágrimas e, por vezes, faz-se preciso cerrar os olhos para que o excesso de vida não inunde a possibilidade de ouvir...

E as batidas me rasgam em inusitadas direções, anestesiam o corpo castigado das vinte horas na fila, da pele alva lanhada pelo sol inclemente. A coluna outrora entrevada agora chacoalha como se nenhuma dor houvesse existido, os pés amortecidos e os joelhos inchados não hesitam ao pulo. E não os sinto, eu sinto a música, eu a desejo de modo voraz, eu a abraço com meu corpo e minha alma e com tudo o que fui ou posso vir a ser...

Que lindo, a música!

Que lindo estava, o Paul!