25 de maio de 2007




É espanto e calor de lareira, é corte e sombra e inspirações pausadas. Eu me resumo e me expando em goles, me assombro e me caio, me rio, me volto. A reviravolta dos sonhos de meia tigela. O teatro das notas que cantam o traço dos meus pés, enquanto devaneio em desatinos imprecisos. As unhas lascam, os lábios ardem, a imperfeição do que se ouve pelos olhos. Dos imperativos, deleite. Percebo a infinitude de prazeres à luminária recheada de linhas desgovernadas. É o toque do corpo e a cegueira da janela: são deliciosos os abismos encarangados.

13 de maio de 2007



Não tem saliva, não sai palavra, a seco: é som e salto, é tato e dedos. Contemplo a noite na discrição amante de meu avesso. O cabelo úmido molha o travesseiro de saudades. Segundos nostálgicos do que de mim não faz reflexo.

Não tem moldura, é cena em desborde, é luz e escuro e é ofuscante. Inspiro.

Mas é ritmado o sentido, gotas de chuva deslizando em folhas. É a minha flor que insistiu em não partir.

(Poemas de amor voam no outono).