30 de junho de 2011



Na ponta

E, no fim das contas,
tudo é simplesmente
um dispor-se
à afetação.






14 de junho de 2011

Crise

Dois miojos em um mesmo dia é o clímax da depressão no plano alimentar. Entre eles, intercalo uma reles xícara de café preto. Não que não me apeteçam outras possibilidades gastronômicas, e admito que a recente e inédita preguiça de ir ao supermercado tenha contribuído para uma razoável carência de possibilidades.

Tudo indica que não posso mais, de agora em diante, ingerir leite e derivados. Depois de meses (para não dizer anos!) de crises reiteradas e sofríveis em ascendência, já era hora de tomar uma atitude. O exame para sacramentar ainda não pousou nas mãos da gastro, mas a forçada dieta de quase dez dias controlando minuciosamente a ingestão destes alimentos, indicada pela médica do pronto-atendimento, provoca-me um bem-estar inigualável. Nenhuma crise, nenhuma dor, nenhuma ligação desesperada para o Mateus no meio do dia, o corpo volta às engrenagens. Impossível negar: em tese, é MUITO melhor viver assim.

Contudo, entretanto, porém (e todas as adversativas existentes!), me é sacado o que de mais prazeroso eu posso conceber no plano alimentar: o queijo! Ah, o queijo... e o café com leite e os molhos cremosos e o estrogonofe e a lasanha e a pizza e o filé ao molho de nata e o beirute e a ricota e o parmesão ralado e o requeijão (etecéteras infinitas). Impossível mensurar quantas noites da minha vida foram abastecidas única e exclusivamente a duas fatias de queijo e uma taça de vinho. Simples assim. E delicioso!

Nada disso me é permitido. Crise existencial inevitável: qual a graça comer? Tento consolar-me: pelo menos não me tiraram o vinho...