6 de junho de 2006



Na mesa ao lado, no café após o almoço, entre tragadas de cigarro e goles de um expresso quente, ela escrevia com expressão sofrida. Os olhos encaravam o mundo pelo intermédio de um óculos (bem) escuro. A caneta tremia nas mãos, a palavra teimava em não sair, ou quiçá saía e não podia ser escrita. A mão tropeçava no ar, a folha em branco. Uma letra ou outra, rabiscada. Não consegui concentrar-me no meu café nem na leitura da revista: acompanhei os momentos daquela escritura com o canto do olho. Um amor perdido, uma saudade, um carinho? Fosse o que fosse, parecia que aquele papel era, de fato, muito pouco.

3 comentários:

alice disse...

que bonito.

carilevi disse...

e digo mais:
que bonito!

Anônimo disse...

Ou o branco da folha já estava bom demais.