8 de junho de 2012

Descompasso


Abriu a gaveta como quem procura desabitar-se. Apalpou antigas cartas e cheirou as flores ressequidas, já sem cor. Restara o perfume do tempo, este sim implacável. Já não sabia ao certo onde estava: se nos anseios juvenis, se na dissonância do agora. Um paradoxo: o passar do tempo não traz certezas, mais bem inquietantes hiatos de si. À margem do script, o desejo. 

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