8 de dezembro de 2006

Rua Sergipe, 512.

De vez em quando, por estes campos de cima da serra, estico a caminhada para espiar a casa da minha infância. Tanto tempo depois, é a casa que ainda aparece nos sonhos. O pátio do vizinho com cães que pareciam lobos e recheavam minhas fantasias de terror, continua ali. Os lobos se foram, pelo menos não os escutei... O nº 512 da nossa casa foi cercado de trepadeiras. O pinheiro que vi semente na mão, já tem mais de 7 metros. As cortinas continuam brancas, tentei espiar pra dentro. Onde ficava meu piano, vi que colocaram uma estante com troféus. Não achei uma boa troca.

Deu vontade de entrar... como se a casa ainda fosse minha. De pegar a mangueira e molhar as plantas pra mãe, num fim de tarde. Saudade das travessuras, esconderijos, dos sonhos que ficaram pintados naqueles muros. De sentar no parapeito da janela, de me esquentar no fogão à lenha, de brincar de amarelinha riscando com giz a calçada dos fundos.

Hoje um pedacinho de mim ficou por ali.

Um comentário:

alice disse...

coisa boa, cheirinho de comida caseira.
a minha casa de infância é um elefante branco do qual quero me livrar. pena. no entanto, necessário, pra que daqui a alguns anos, quem sabe, eu olhe pro quinto andar na Honório Silveira Dias e veja que mudaram a cor das cortinas.
no momento, minha casa de infância é uma velha chata.