24 de fevereiro de 2011




Preâmbulo

É a tensão entre a métrica
e o desatino. Avidez,
feito sede incontida.
Conjuga a trama deste corpo
em seu transbordamento.

(Do que tangencia
o impossível).

Um a postular a valsa, outro a me assoprar
o ruído. Um a querer-me na retidão,
outro a ensejar-me
o disparate.

(Deste, entrego-me ao insensato).

O primeiro quer, do todo,
extrair justo o mais
de mim.

(Exausta da palavra certa empoeirada e
trôpega,
desejo o poema).

É preciso, então, ceder lugar
à palavra-música.
À nota dissonante, que estremece
o corpo,
que me toma em calafrios.

(Desejo ensandecido da palavra rubor
da
palavra viva como nota).

Quero ler como
quem ouve; e só posso escrever
como quem toca.


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