Preâmbulo
É a tensão entre a métrica
e o desatino. Avidez,
feito sede incontida.
Conjuga a trama deste corpo
em seu transbordamento.
(Do que tangencia
o impossível).
Um a postular a valsa, outro a me assoprar
o ruído. Um a querer-me na retidão,
outro a ensejar-me
o disparate.
(Deste, entrego-me ao insensato).
O primeiro quer, do todo,
extrair justo o mais
de mim.
(Exausta da palavra certa empoeirada e
trôpega,
desejo o poema).
É preciso, então, ceder lugar
à palavra-música.
À nota dissonante, que estremece
o corpo,
que me toma em calafrios.
(Desejo ensandecido da palavra rubor
da
palavra viva como nota).
Quero ler como
quem ouve; e só posso escrever
como quem toca.
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