23 de abril de 2010



Solitárias, elas reverberam por toda a casa. Vão desta poltrona à parede. Esbarram no Van Gogh. As notas, sempre elas. A lembrar-me oportunamente do que pulsa.

Desde muito cedo, é certo. Tocavam-me, atavam-me. Um devaneio sem palavra. Era antes: de corpo e seus mais minúsculos poros de afetação. Era invasão, nem sequer escolha. Musicar me tinha, eu musicando.

Queria transpor do que faz pensar: impossível. Ao menos um pouco, tentamos. Afoito, o vinho quer fazer-se poema. Quer amainar as durezas do cotidiano. Quer deixar entrar o frio tímido que se ensaia ali fora, logo ao lado.
Que as folhas entrem em desordem, em seu canto dissonante.


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