16 de junho de 2008

O silêncio

Era riso, prosa, verso: um a um, ao longe, escorregando por seus dedos, fazendo enrubescer a face, levando as canções tão piegas, as cartas, os cheiros. Um a um, de volta ao tempo, um a um, a desembaraçar preces, a reviver noites e dias, noites e dias, noites e dias.

Era um respirar ofegante, um a um, caindo como poeira, difusos no ar, entremeados de agora, afugentados do olhar. Caíam. Voavam. Luziam. Voltavam. Fugiam.

A mão agarrou com força, nem ar encontrava, eles caíam e já fugazes, já perdidos, já passado, já ausência. O tempo então outro tempo, e mais outro, e mais outro, e o infinito, e o infinito como o grito que acalentou, como o grito que evanesceu, como o grito que a boca não gritou.

Chorou, nem por tristeza, nem por festim.

Um comentário:

alice disse...

uau. lindo.

sempre que quero uma suavidade aguda, procuro - e encontro - aqui.

beijo!