O silêncio
Era riso, prosa, verso: um a um, ao longe, escorregando por seus dedos, fazendo enrubescer a face, levando as canções tão piegas, as cartas, os cheiros. Um a um, de volta ao tempo, um a um, a desembaraçar preces, a reviver noites e dias, noites e dias, noites e dias.
Era um respirar ofegante, um a um, caindo como poeira, difusos no ar, entremeados de agora, afugentados do olhar. Caíam. Voavam. Luziam. Voltavam. Fugiam.
A mão agarrou com força, nem ar encontrava, eles caíam e já fugazes, já perdidos, já passado, já ausência. O tempo então outro tempo, e mais outro, e mais outro, e o infinito, e o infinito como o grito que acalentou, como o grito que evanesceu, como o grito que a boca não gritou.
Chorou, nem por tristeza, nem por festim.
Um comentário:
uau. lindo.
sempre que quero uma suavidade aguda, procuro - e encontro - aqui.
beijo!
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