27 de novembro de 2007


I. Os paralelepípedos


A poeira fez do sopro um trôpego desabafo.
Cai a terra,
em gotas.
Chovem os passos errantes,
na alegria disfarçada de poema.


II. As prateleiras

As notas que ficaram na pasta cinza empoeirada
dizem tanto que se esvaziaram.
Sobrou o suspiro da sua lembrança.

III. As janelas

A cicatriz do vidro do passado
ofusca o amor na linha do trem.

IV. As portas

Murmura, à noite, pequeninas dores
madeira-de-lei.
Quer contar seus segredos
aos desavisados insones.