I. Os paralelepípedos
A poeira fez do sopro um trôpego desabafo.
Cai a terra,
em gotas.
Chovem os passos errantes,
na alegria disfarçada de poema.
II. As prateleiras
As notas que ficaram na pasta cinza empoeirada
dizem tanto que se esvaziaram.
Sobrou o suspiro da sua lembrança.
III. As janelas
A cicatriz do vidro do passado
ofusca o amor na linha do trem.
IV. As portas
Murmura, à noite, pequeninas dores
madeira-de-lei.
Quer contar seus segredos
aos desavisados insones.