1.
Eu ando descalça porque me vive sentir o chão; terra nos dedos arde o remendo da pele. Eu ando descalça porque a vida me engole e me permito fingir que conheço meus passos. Eu gosto da pedra e da sina: "não cresças, menina, fique a três palmos do chão!". Por amor, obedeço, descalça, amanheço, do pálido - forte. A palavra também se sujou de areia e cascalho.
2.
De repente,
desconheço meus poemas.
Não sei mas,
nem mais, nem portanto.
Me desaprendi, assim,
num rompante.
Simplesmente, hoje,
estou a-mariliada.
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