13 de novembro de 2006

1.
Quando palavra explode
algo de mim que nao sei me aparece sem pedir licença.
Invade,
a alteridade é o espelho.
Grito, sem querer,
bagunço os lençóis,
roubo disfarces,
desfaço a hipocrisia da boa vizinhaça.
Quando palavra explode,
falando cala.
Do súbito, num susto.
Melhor voltar
às máscaras.


2.
Quando pequena pensava que o mundo seria mais belo de cabeça para baixo. Assim, passava bastante tempo deitada com a cabeça pendurada, a olhar meu quarto e o corredor sob outra perspectiva. Os móveis eram mais lindos, o teto me parecia melhor assoalho, o lustre virava um vaso de flores - e eu brincava com esse mundo que só eu conhecia. O avesso sempre me pareceu mais interessante. No revés das coisas, tem mais de nós mesmos.

Um comentário:

Pedro Lunaris disse...

no revés das coisas
e no que escapa
as moléculas são, afinal
grandes preenchimentos de vazio

é só o espaço livre
que causa ecos
e a gente canta em duetos
com nós mesmos

um bando de solitários
juntos
se encontrando
e dissolvendo os espaços brandos
ou cheios de nada
em vida

o vácuo
passa a ser quente
quando bem tão bem
acompanhado

***

que beleza ter sido uma visita e mesmo rápido te visto tão bem! que beleza passar por aqui e ver o dia um pouco mais poesia, tela do computador vira um abraço de sair pelo corredor dando saltos! muito obrigado!

um beijo!