24 de junho de 2015

Sobre nós 


(ou: A chegada de Francisco) 

(ou: A segunda travessia)



Eu achava que precisava ir muito longe. Ele me fez perceber que o essencial já estava aqui. Francisco e sua simplicidade, Francisco e sua serenidade. É como se ele me lembrasse, a todo instante: "Mamãe, já temos tudo". 

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Onde eu previa a revolução, encontrei a ressignificação. Francisco me faz revisitar a minha história, a história de Vicente, a história de nós quatro - com lentes mais tolerantes, com cores mais condescendentes. 


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Queria eu viver sua chegada com todas as intensidades possíveis. Ele respeitou: dois dias de pródromos e vinte quatro horas em trabalho de parto, no dia em que completamos 41 semanas de gestação. Todas as dores, angústias, lindezas e surpresas. Que precisaram ser vividas - não havia outro jeito - a meu modo. "Podes ser quem tu és". 


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Quanta reinvenção! Quanto amor! Menino de olhar penetrante, firme, determinado. Outra vez, o exercício da maternidade é essencialmente descoberta e potência,  desencontro e ruptura: é abertura da alma, é despir-me de mim, é sacolejar minhas certezas, é acolhida do outro em sua singularidade. 


É entrega, ainda e sempre.


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Filho, obrigada por me escolher como mãe. 





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