13 de setembro de 2006

Nesta segunda, media tarde, um vento levou meu amor pra longe; em princípio me desnorteio, as lágrimas sao consoladas pelo carinhoso porteiro Ramón. Ramón lembra que sou forte, pois consigo carregar a grande sacola de roupas da lavanderia. Sem acreditar muito nisso, subo as escadas resignada. Fico a respirar outros tempos de saudade. Por fim, percebo que ela convoca a uma reinvençao, e à busca de outros sentidos. Estraño, em castellano, sentir falta... talvez a saudade tenha mesmo um quê de estranhamento. Me deparo com o que nao sou, quiçá com o que nao aprendi a ser. Aprendo a ser outra, nao menos eu mesma. Nao ser (e por isso ser, afinal de contas).

Um comentário:

Pedro Lunaris disse...

é estranho estar aqui, desse jeito, sem ele (ou ela, ou aquilo).

mas há um segredo que a saudade desvela sem muita piedade: que é estranho de qualquer jeito. só que a gente tapa com o que é bom - o único ponto ruim do bom, talvez, se tapar às vezes é ruim...

viver estranhamente. é sim... um corpo estranho, uma cidade estranha, um sorrir sempre instigante de estranho. um amor estranho. suavemente estranho, maldita estranha distância, mas boa no seu estranho proveito que nos dá possibilidades estranhas. seres estranhos. nós.

é uma força estranha que nos move. até pra levar a roupa pra lavanderia. ou pra ouvir o porteiro ter sacadas geniais.

e muito gosto. mesmo que estranho.

beijo e abraço!